domingo, 20 de janeiro de 2008

Rosa.


Disseminou-se longamente o uso da cor rosa nas vestimentas masculinas. Antes absolutamente proibitiva e cheia de pretensões, revelando orientação sexual e escolha religiosa, hoje é vista até mesmo em roupas íntimas.
Comprei uma linda gravata rósea, para ocasiões especiais e os dias áureos. Era da mais pura seda italiana, tecida nas melhores oficinas de Milão, de um rosa discreto e elegante. Casava perfeitamente com uma camisa que mantenho, da mesma cor. Sempre arrasava nos eventos sociais e nas festas mais badaladas, quando as usava. as garotas adoravam. Ficava sensual.
Num curioso dia dei falta da custosa gravata no guarda-roupa. Procurei na lavanderia e até mesmo por entre as cuecas de lycra, sem sucesso, entretanto. Fui então a procuradora de meus bens elementares: minha mãe.
Questionei-a sobre a referida peça, que muita estima me causava; se conhecia seu provável destino. Ela se fez de desentendida, negando conhecer a tal gravata. Insisti veementemente, despetalando detalhes e preceitos. Lembrou-se, então, vagamente de uma que havia doado para um amigo carente.
- Minha gravata de 150 reais! – exclamei atônito.
Subiu-me a boca um desespero incontido, uma angústia profunda, que só extenuou-se após o terceiro desmaio... Sabia que qualquer xingamento não traria minha rosadinha de volta, como se vê nos velórios. Desmerecia o piti.
Conformei com essa falta e traição, abdicando de minha camisa favorita. Sei que agora estou aquém da moda, renegado a usar cores ultrapassadas e sem estilo. Hoje perdi a confiança nos cuidados maternos e vivo desconsolado, imaginando que outro está provando do meu mel.Hoje nem sei se comprarei outra, ou se desisto da vida. O namoro entrou em crise e fugi de casa três vezes. Só não cedi as drogas, que ao contrário de minha gravata, estão fora de moda.

8 comentários:

Darshany L. disse...

AHAHAHAHAH

Muito bom o texto! Mas poxa, doar gravata? onde já se viu...

Dia desses minha mãe quase deu meu allstar preto sem me consultar. Fiz um escândalo.

E para constar: você seria um ótimo protagonista de histórias de mau humor com essa carinha do profile! =p

beijos, e obrigada pela visita =)

Vinícius Rodovalho disse...

A gente sempre tem alguma roupa de estimação. Eu por exemplo tenho uma camisa bem estranha que adoro. Ela é bege com alguns riscos pretos. Mas um dia, pela característica de bem nao-durável, acabamos tendo ter que nos desfazer desta roupa. Seja pelo tempo ou pelas circunstâncias. O que nos resta fazer, é apegar-nos a outra. Arrume uma outra gravata. Hehe...

Como sempre, excelente texto.

Sugestão: doe também aquela blusa que a sua mãe acha magnífica. Não é vingança, nem pense nisso, apenas justiça. Rs.

Nightingale Poe disse...

Adorei o texto.

Poxa, que pena que sua mãe doou sua gravata querida! E ainda por cima, sem sua consulta. Sei que você não terá a rósea novamente, mas espero que encontre uma nova companheira.

Beijos.

Obrigada pela visita. Volte sempre.

R Lima disse...

Belo texto.. de humor refinado. E viva a rosinha.. que por sinal encontrou?

Abçs,




Texto de hoje: pLeniTude...

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Unknown disse...

ehuheuheu comedia...
mas eu coprava outra so d raiva...

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

adorei!!!!!!

beijos e beijos

Anônimo disse...

oie!! eu acho lindo homens que usam peças de roupas rosa.. muito sensual!!! que drama o fim da sua gravata. Tomara que o cara que recebeu tenha feito por merecerS

beijos!!!

Anônimo disse...

É impressionante como as mães nos decepcionam sem querer né?

Adorei o tema abordado!

Eu amooooo homens de rosa! E acho que essa moda, apesar de eu odiar a idéia dessa "ditadura", trouxe uns beneficiozinhos tal como quebrar o preconceito do uso da cor... que para mim... você sabe... é a mais linda de todas!


Beijoos