segunda-feira, 26 de março de 2007

Olhe por baixo!


Ouvi um conselho um dia, que me foi muito útil.


Costumava reclamar da vida a achava que sempre era perseguido pelo destino. Achava feiúra, pobreza e burrice castigos bem empregados na minha pessoa. Sempre havia a grama verde do vizinho, que rolava nela. Seu carro novo e suas filhas graciosas desfilavam no jardim, enquanto eu amargurava uma vida vã e insatisfeita.
Pode-se andar no shopping por horas e só encontrar pessoas belas e bem sucedidas. Parece sempre haver luz solar para os outros e trevas contínuas pra si.

Mas um conselho mudou a minha vida. Na verdade, não minha vida, pois continuou quase a mesma. O que mudou, eventualmente, foi minha maneira fútil de pensar.
Creio que vocês já estão curiosos quanto ao conselho e lhes digo logo.
Era: comece a ver a vida por baixo e não de cima.

Como disse, achei estranho, mas acatei. Hoje vejo o quão útil me tem sido.
As vezes a grana é pouca, o dia longo, as noites insosas e o coração abandonado. As vezes passo fome, cansado, triste e só. As me irrito e muitas vezes passo vontade de algo. Como uma mulher grávida.

Mas quando ando com apenas algumas moedas no bolso, rumo ao lanche mais próximo, encontro pessoas que só tem furos nas calças e passarão aquele dia na miséria. Sempre tem alguém num pior emprego e numa pior situação. Pessoas sem casa e sem carro.

Que por mais que eu me comova, sempre estarei aliviado por estar em melhores condições que elas.

O conselho é: Olhe por baixo!

Olhe por baixo

domingo, 25 de março de 2007

O chefe!


Outro dia, andando num supermercado vi um livro que me chamou minha atenção, pelo título. Em grandes letras lia-se: “Como trabalhar para um idiota”. Confesso que me senti tentado a comprá-lo. Mas era um pouco caro, e deixei-o na prateleira.
Quando surgiu o primeiro emprego, surgiu o primeiro chefe. Desde então, todo trabalhador sofre da crise diária de enfrentar um dragão voraz. Há vários tipos deles, que culminam no tipo único que infernizam a vida inferior.
Há terror quando chegam e alivio quando saem. Sempre estão cobrando algo, insatisfeitos. São os únicos que conseguem fazer três coisas ao mesmo tempo. Conseguem usar o banheiro (maior façanha para os homens), falar ao telefone e lembrar-se de xingar, simultaneamente. Conheci exemplares interessantes desses seres incompreensíveis. Há aqueles que dão varias ordens em segundos e esperam que você as entenda todas e que ainda, com mestria as execute, sem erros. Há os irritadiços. São traídos em casa e querem f. todo mundo no ambiente de trabalho.
Complicados, autoritários, confusos, impacientes, sempre tem um chefe louco em nossa vida. Sempre tem um chefe pra seu gosto. Conheci alguém que chamou sua secretária de viada, e outro que mendigava o pão.
Mas por incrível que pareça, essa gente chega a ser chefe. Teve ter algum motivo especial. As vezes é sorte e competência. Mas na maioria é golpe mesmo. Brincadeira. Serei chefe um dia também. É a esperança de todos. Pode o mundo acabar, em ferro e fogo. Pode a inflação e o Lula ser reeleito, mas a ânsia geral é de ser chefe um dia. Ter subordinados a sua volta. Pisar em alguém e fazer algum estagiário de bobo.
Todos temos o desejo sádico de ser chefe. Ser chefe dá dinheiro. Comprar coisas e as pessoas mais poderosas. Ser chefe é legal.
O chato é ter chefe.

Essa vai, novamente pra minha querida Arielle.