segunda-feira, 22 de setembro de 2008


Tudo tem o seu tempo determinado, há um tempo determinado para todo propósito debaixo do céu. Não há tempo, contudo, para todo propósito. É preciso amar e odiar ao mesmo tempo e simultaneamente guerrear e buscar a paz. Com as mesmas mãos ajuntar e espalhar pedras, e com os semelhantes lábios sorrir e espraguejar. O mesmo vento que amansa que é o mesmo que uma saia indefesa levanta. A casa que se nasce é aquela que se deve morrer. É preciso comer e decidir, usar o tempo de dormir e estudar. É preciso abreviar o tempo, despontilhar o relógio, partir mais cedo e tentar voltar. É preciso, extremamente preciso que o beijo seja no primeiro encontro e que a morte não seja postergada.
Há o tempo para trabalhar, que nunca cessa, que é dividido entre o tempo do lazer, da criação, da paciência e do saber. Um verso precisa nascer espontâneo no tempo de espera e um poeta se fazer entre mil projetos. É necessário se gastar e colher o que ainda não plantou, sugar da terra a vinha que ainda não vingou; que se faça conhecido a quem nasce, antes de nascido ser. Prever-se a partida, os lucros e as tempestades inesperadas que não se conseguirá nunca prever.
Dois amores simultâneos, três parceiros, quatro no esquecimento; é muito eficaz. Não há tempo. Nossos dias carecem de disciplina, de pontualidade, de organização, de uma mente esquecível que a tudo abarca, que liga os aparelhos que funcionarão na hora vaga. Nossos sonhos têm seu tempo, tem sua hora, produzidos hoje em dia em caixas cada vez menores.
Não há tempo para muita coisa e muitas coisas não terão tempo jamais abaixo do sol. Uma vida é muita pouca. É curta o suficiente pra se descobrir um inseto, plantar uma árvore ou desconhecer a miséria e a dor. É incrivelmente curto quando prazerosa, quando ociosa, a vida é um sopro. Por isso é conhecido que se deve julgar, retribuir e encontrar algo, nesse breve período. É preciso que s construa um futuro num dia como hoje, todo dia infenso como hoje, que o passado prevaleça e que sempre, sempre, sempre se corra, e correndo busque um momento a mais ou quem sabe a menos desse tempo insuficiente que a nós nos foi dado e que estamos sempre em desvantagem.
(sem tempo para pensar num título)