terça-feira, 19 de junho de 2007

Alcunheteiro.


Nem sei se essa palavra existe. Mas vou quebrar meu jejum blogistíco com ela. A uso como título, mas em minha condenação. Desde tempos remotos, por motivos hereditários, influência perniciosa do meio e diversos outros fatores, sempre fui adepto de empregar apelidos nas pessoas. Alcunhas. Nunca me importei quando me apelidavam, mesmo quando a alcunha era maldosa. Portanto, as pessoas, imaginei, não se importariam se eu as apelidasse também. Ainda que em segredo. Desconsiderando minha modéstia, visto que isto não me gloria em nada, meu talento em definir adjetivos em alheios e avessos era visível. E por força do hábito, a alcunha sempre caia no gosto, ou melhor, na língua popular. E nunca eram carinhosos.

Os professores eram meus preferidos. Pertencem a uma raça imcompreendida, cuja principal definição deve-se aos apelidos notórios. Havia a "Pinguim", por causa da aparência. Era baixa e rotunda, com as pernas roliças, que me moviam desengonçadamente. Lembrava em muito a ave do pólo Sul. Outro estimado era o Drogas. Na verdade seu nome era Douglas, mas devido ao hábito profano de consumir bebidas alcoólicas, o segundo nome pegou. Todos eles mereceram apelidos honrosos, ora pela personalidade, ora escrachando a aparência.

A vizinhança também era um campo fértil pra imaginação. Havia a bruxa, o tarado, o pereba, "preula" e outros tipos que não poderia mencionar. Ninguém escapava. Até os mais intímos amigos e parentes recebiam nomes generosos. Havia um, dos mais populares, que se espalhou por toda escola. Era o catita. Até hoje ele convive com a alcunha, passivamente. Catita era a cachorra vira-latas da minha prima.

Na igreja que frequentava, que também era habitada por seres interessantíssimos, sempre havia algum que merecia atenção. Havia o "irmão Quebra-Pedras", "a irmã Calhembeque", a Presepada, a Patotinha, etc.

Tamanha era a aceitação da alcunha, que se tornava o próprio nome, ou sobrenome da pessoa. Atualmente, na faculdade, há uma indivídua, que não posso dizer o nome (caso ela leia), que só échamada de "Participativa", imaginem porque. Desconheço seu nome verdadeiro., tamanho a potência da alcunha.

Enfim, não vou revelar mais, nem os meus. Alguns ficam anônimos, outros, em pleno uso. O importante é apelidar.


Ps. Quem quiser revelar seu apelido, ainda que carinhoso, pode colocar.