A vida era doce, como as gotas que em minha língua chovem
Caçoava da vida, como se ela fosse um jogo fútil
Assim como a brisa da manhã, na chama sutil
Sempre construí os pesares na débil e inconstante areia
Os milhares de sonhos que sonhei, deixados na frágil teia
Vivi pelas noites, evitando a nua luz do dia
E somente agora percebi, os radiosos tempos que perdia
Antigamente, quando era jovem
Tantos embriagados versos guardei, que ainda comovem
Tantos prazeres permaneciam reservados para mim
E da dor meus perdidos olhos recusavam ver o fim
Corri tanto, porém o tempo e a juventude correram atrás
Nunca parei pra meditar na vida e tudo mais
E cada conversa, que relembrar-me ainda sou capaz
Sempre preocupadas comigo apenas e nada mais
Antigamente a lua era azul
E cada louco dia trazia algo novo, do sul
Usei aquela mágica época, como uma varinha mágica
Para nunca ver os ermos da realidade trágica
O jogo do amor, joguei com ar arrogante
E cada romance que raiou, logo morreu arfante
E todos amigos que tive se foram de todo
E somente fiquei eu, prestes a finalizar esse jogo
Há tantos versos a declamar num desejo, que mingua
Hoje, sinto as amargas gotas de lágrimas em minha língua
Pois a velhice chegou, para que se vinga
Do tempo, quando
