domingo, 29 de julho de 2007

Bons de cama....


Escrever sobre sexo atrai muita gente, como o próprio sexo. Mas como o sexo, nem todos são felizes, nem na primeira, nem na última vez.
Nos textos que se lê geralmente um casal jovem e sensual protagoniza a cena, até gozar. O ato é lento e bem realizado, sendo detalhadamente descrito, desde a ereção, até a lubrificação vaginal. A cada toque ela fica mais molhada, como num vazamento da Sabesp; e ele de forma miraculosa intumesce progressivamente seu membro, até o heróico orgasmo. Tão duro e inflexível que admite nomes sugestivos como: porrete, viga, pau, tora, vara, cacete, etc, etc, etc.
Frases encenadas, como uma mulher de quatro num quarto escuro, dominada por um homem viril são lançadas a fim de excitar - além de instruir - os indecorosos e atentos leitores. Os verbos gemer, enfiar, penetrar, lamber, estocar, mordiscar, invadir, roçar repetem-se com freqüência nos textos mais finos. E ditados como: meter, encoxar, arder, engolir, arreganhar, e, fatalmente gozar, são utilizados pra ilustrar textos menos pretensiosos.
Fantasias obscenas são criativamente montadas. Praias, motéis, carros, feiras, açougues e pés de jabuticaba são cenários recorrentes. Faz-se de tudo neles e às vezes usando-se do próprio meio. Há histórias com bombeiros e hidrantes, canis e cães, cintas-largas e escumadeiras, laranjeiras e bagaços de limão. Tudo transcorre perigosamente excitante, atingindo o apogeu, até a gemida final.
O ato, a transa, o sexo, o ápice carnal, o troca-troca, a foda, o afogador de gansos ou qualquer outra analogia e adjetivo que é empregado transcorre incrivelmente vigoroso e só termina com a queda violenta dos amantes, sejam eles quantos forem, em êxtase ou em prostração. Sempre quererão mais e mais, teatralmente. Sempre estarão satisfeitos e exaustos. Amados e tranqüilos. Mesmo que no final do conto se descubra que transou com um travesti ou uma cenoura pré-cozida. Ou que o sémem derramado tenha cegado a parceira ou a tenha matado por asfixia. Poucos autores, porem, arriscam contos assim, excitantes.
Por essa célebre incoerência entre bom sexo e bom texto, bom de cama e bom de verbo, que afirmo: alguns deveriam ater-se a um dos atos, apenas, ou a nenhum.

P.S. Leitura excitante recomendada: “Sexo na cabeça” e “Orgias”, ambos de Luis Fernando Veríssimo.

7 comentários:

Anônimo disse...

Meu Deus... que texto é esse?!

Deviam por censura aqui!!


shaHSIUshUIsha

Kristiano Segovia disse...

Texto bacana!

Os livros do verissimo são muito bons mesmo..

Richard Aléxis disse...

Bom texto, pode se preparar que agora seu blog terá muito mais leitores hauahauh

Silêncio de Chumbo disse...

muito bom!!!
sexo sempre chama a atenção! hehe

Anônimo disse...

Rapaz!
E eu não vi o aviso da censura aqui, é pra qual idade???
risos...
Veríssimo é sempre Veríssimo!
Excelente!!!
Abraços...

Menáge à Trois disse...

Ameiii o texto, concordo plenamente que nem sempre quando se "escreve junto" a coisa sai tão perfeita quanto na ficção. Por isso os conceitos ficam para os poetas e o ato para os amantes.
Ahhh, já li os livros indicados, muito bons!!! Para quem curte uma coisa mais picante, com humor, lógico, vou me aproveitar do seu espacinho e indicar " a casa dos budas ditosos" de João Ubaldo Ribeiro.
Beijos
òtimo texto

Como ninguém

Anônimo disse...

Por que nao:)