
Escrever sobre sexo atrai muita gente, como o próprio sexo. Mas como o sexo, nem todos são felizes, nem na primeira, nem na última vez.
Nos textos que se lê geralmente um casal jovem e sensual protagoniza a cena, até gozar. O ato é lento e bem realizado, sendo detalhadamente descrito, desde a ereção, até a lubrificação vaginal. A cada toque ela fica mais molhada, como num vazamento da Sabesp; e ele de forma miraculosa intumesce progressivamente seu membro, até o heróico orgasmo. Tão duro e inflexível que admite nomes sugestivos como: porrete, viga, pau, tora, vara, cacete, etc, etc, etc.
Frases encenadas, como uma mulher de quatro num quarto escuro, dominada por um homem viril são lançadas a fim de excitar - além de instruir - os indecorosos e atentos leitores. Os verbos gemer, enfiar, penetrar, lamber, estocar, mordiscar, invadir, roçar repetem-se com freqüência nos textos mais finos. E ditados como: meter, encoxar, arder, engolir, arreganhar, e, fatalmente gozar, são utilizados pra ilustrar textos menos pretensiosos.
Fantasias obscenas são criativamente montadas. Praias, motéis, carros, feiras, açougues e pés de jabuticaba são cenários recorrentes. Faz-se de tudo neles e às vezes usando-se do próprio meio. Há histórias com bombeiros e hidrantes, canis e cães, cintas-largas e escumadeiras, laranjeiras e bagaços de limão. Tudo transcorre perigosamente excitante, atingindo o apogeu, até a gemida final.
O ato, a transa, o sexo, o ápice carnal, o troca-troca, a foda, o afogador de gansos ou qualquer outra analogia e adjetivo que é empregado transcorre incrivelmente vigoroso e só termina com a queda violenta dos amantes, sejam eles quantos forem, em êxtase ou em prostração. Sempre quererão mais e mais, teatralmente. Sempre estarão satisfeitos e exaustos. Amados e tranqüilos. Mesmo que no final do conto se descubra que transou com um travesti ou uma cenoura pré-cozida. Ou que o sémem derramado tenha cegado a parceira ou a tenha matado por asfixia. Poucos autores, porem, arriscam contos assim, excitantes.
Por essa célebre incoerência entre bom sexo e bom texto, bom de cama e bom de verbo, que afirmo: alguns deveriam ater-se a um dos atos, apenas, ou a nenhum.
P.S. Leitura excitante recomendada: “Sexo na cabeça” e “Orgias”, ambos de Luis Fernando Veríssimo.
Nos textos que se lê geralmente um casal jovem e sensual protagoniza a cena, até gozar. O ato é lento e bem realizado, sendo detalhadamente descrito, desde a ereção, até a lubrificação vaginal. A cada toque ela fica mais molhada, como num vazamento da Sabesp; e ele de forma miraculosa intumesce progressivamente seu membro, até o heróico orgasmo. Tão duro e inflexível que admite nomes sugestivos como: porrete, viga, pau, tora, vara, cacete, etc, etc, etc.
Frases encenadas, como uma mulher de quatro num quarto escuro, dominada por um homem viril são lançadas a fim de excitar - além de instruir - os indecorosos e atentos leitores. Os verbos gemer, enfiar, penetrar, lamber, estocar, mordiscar, invadir, roçar repetem-se com freqüência nos textos mais finos. E ditados como: meter, encoxar, arder, engolir, arreganhar, e, fatalmente gozar, são utilizados pra ilustrar textos menos pretensiosos.
Fantasias obscenas são criativamente montadas. Praias, motéis, carros, feiras, açougues e pés de jabuticaba são cenários recorrentes. Faz-se de tudo neles e às vezes usando-se do próprio meio. Há histórias com bombeiros e hidrantes, canis e cães, cintas-largas e escumadeiras, laranjeiras e bagaços de limão. Tudo transcorre perigosamente excitante, atingindo o apogeu, até a gemida final.
O ato, a transa, o sexo, o ápice carnal, o troca-troca, a foda, o afogador de gansos ou qualquer outra analogia e adjetivo que é empregado transcorre incrivelmente vigoroso e só termina com a queda violenta dos amantes, sejam eles quantos forem, em êxtase ou em prostração. Sempre quererão mais e mais, teatralmente. Sempre estarão satisfeitos e exaustos. Amados e tranqüilos. Mesmo que no final do conto se descubra que transou com um travesti ou uma cenoura pré-cozida. Ou que o sémem derramado tenha cegado a parceira ou a tenha matado por asfixia. Poucos autores, porem, arriscam contos assim, excitantes.
Por essa célebre incoerência entre bom sexo e bom texto, bom de cama e bom de verbo, que afirmo: alguns deveriam ater-se a um dos atos, apenas, ou a nenhum.
P.S. Leitura excitante recomendada: “Sexo na cabeça” e “Orgias”, ambos de Luis Fernando Veríssimo.