quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O fim da era de Aquário!


Diferentemente da celebração que fiz no passado
a primavera deste ano promoveu um efeito inverso dessa vez. É o fim, acredito da era de aquário! As flores murchando em plena estação, os casais se desfazendo como a neve nos lugares remotos. Meses de friagens nos pés e de infindáveis promessas em Campos culminaram por determinar esse período de atípica estiagem amorosa em minhas cercanias, atingindo amigos, parentes, famosos e ficantes.
Profundos e vistosos casais antes unidos agora perfilam solitários. Nenhum a minha volta escapou, nem mesmo eu que ainda ingênuo e carente acreditava nas boas intenções da paixão e em suas adjacências. Essa primavera tem sido a derrocada final do amor e das coisas românticas.
Esse frio inconsolável que nos atingiu fora de época deve explicar-nos alguma coisa. As esquinas paulistanas nunca foram tão gélidas e solicitantes. Há solteiros, sozinhos, disponíveis e meretrizes por toda parte apelando pela volta do sentimento universal. Até mesmo a libido anda escassa; passa tímida pela Paulista ocultada por densos cachecóis. Talvez seja apenas o efeito mais imediato da crise nos bancos americanos ou represente o fim da era dos relacionamentos estáveis. Provavelmente com a queda abrupta da Nasdaq os enlaces tendam a acompanhar a baixa e ninguém se comprometa mais.
Nada de amores eternos, juras impróprias e prantos inconsoláveis. A crise determinará o fim do corneamento e do adultério. Ninguém será de ninguém, por questão meramente econômica. Até mesmo a troca eventual de casais e parceiros será comprometida, não haverão mais casais, só parceiros. Somente subsistirão as floriculturas destinadas aos mortos e aos cemitérios e se anunciarão em breve a extinção de alguns segmentos de novelas e programas na tv. A lei seca logo será derribada: multidões de solteiros festejarão sua decadência nos bares em altas torres de chopp e os suicidas guiarão nos volantes. É o fim da era de aquário que anunciei no ano anterior.

Com seu término jaz meu sonho antigo e nunca esquecido de viver um grande amor, perseguido com afinco ao longo deste longo e florido ano. É a desistência do olhar atravessado, do perfume, do elogio, da espera. Ou talvez eu esteja completamente equivocado em minhas previsões e a desunião de alguém represente em meus dias primaveris a minha felicidade.

12 comentários:

Richard Aléxis disse...

Pode ter acabado a era de áquario, mas o ano ainda não acabou e o verão não demora!

Rafael Vidal disse...

Ai lembro dos hippies coloridos, felizes e apaixonados comemorando a chegada da era de Aquária e agora estamos nós de luto, coberto de caveiras nos perguntado para onde as coisas irão. Espero que para um caminho melhor. É só isto que nso resta esperar.

Dauri Batisti disse...

Interessanete modo de falar da crise. Parabéns. Mas a palavra crise vem de acrisolar, ou seja, por no crisol, instrumento onde se derrete o ouro para dele tirar as impurezas.

Anônimo disse...

nada como um momento de rompimento, crise econômica e incertezas em muitas esferas para chacoalhar nossas mentes empoeiradas e talvez acomodadas mesmo... quanto ao amor, pra mim sempre funcionou melhor nesses momentos confusos.
boa hora pra gente descapitalizar um pouco.

Anônimo disse...

VIVA A CRISE DOS EUA! Mas não vim aqui para falar daqueles bonzinhos que tanto querem o bem do universo.
Adorei seu texto! [não é grande novidade] Não sei o motivo, mas por que será que quando uma tá grávida, desembesta a ter notícias sobre mulheres grávidas e quando um morre 'coincide' outros também a morrer? Isso acontece para relacionamentos também. MUITO sinistro!


=**

Jaya Magalhães disse...

Eu li o texto todo pensando: no final isso vai virar. No final ele vai dizer algo que seja tal qual uma emenda poética para esse desapego todo. E, sabe, no último parágrafo eu li você - Márcio - e teu coração. Lembrei de qualquer conversa nossa. Eu prefiro apostar que você, como fazedor de previsões, é um ótimo cronista. Rs.

E no mais, é como eu te falei mais cedo:

“Vou levando assim, que o acaso é amigo do meu coração...”

(Rodrigo Amarante)

E eu acredito no acaso como proteção. A primavera vai chegar quando o jardim permitir flores. Estações desordenadas acaba sendo gostoso, por vezes.

Uns beijos pra você, querido que é.

P.S.: Quando o blog voltar, te aviso, sim senhor!

Fernanda Papandrea disse...

Pode ter acabado a era de áquario, mas o ano ainda não acabou e o verão não demora! [2]

otimismo!

qe bom qe gostou do blog!

te coloquei em meus links =]

beijos

Darshany L. disse...

queria viver num outono eterno

Jaya Magalhães disse...

Marcio,

Tô de volta. Aparece lá!
:)

Beijo.

Unknown disse...

e quando os ventos da mudança sopram...

Eu lírico disse...

Encantadora a tua forma de escrever...
Grande abraço.
Glaucia

Jaya Magalhães disse...

Post novooooo! EU QUERO!

¬¬