domingo, 4 de maio de 2008

Terrível!

Chovia muito e cheguei atrasado à aula. Precisava de atendimento urgente e imediato e a longa fila de desanimados me exigiu uma medida prática. Cheguei às barbas do idoso professor e perguntei: Onde preciso me sentar pra ter atendimento VIP?



Nunca simpatizei muito com ovos, fígado de boi e quiabos. O cheiro de ovos recém partidos me incomoda bastante e a simples visão de uma galinha choca me causa frescuras, mas sem gravidades. Recentemente desenvolvi uma estranha antipatia por abobrinhas, mas isso é irrelevante. É bem verdade que elegi coisas mais detestáveis que um punhado de gosmentos legumes.

Entre as poucas coisas que a vida me mostrou odiosa - e sinto que não sou o único -, figuram duas palavras imensas: adeus e perdão. Afinal, somente as palavras são importantes, não é mesmo. Diz a música que adeus parece ser a coisa mais difícil no mundo a se dizer. Vacilo nas duas.

Muitos mortos morreram sem minhas despedidas vãs – de que valeria? - e muitos partiram sem meu rosto ver. Visitar pessoas convalescentes sempre me constrangeu, mesmo as mais queridas. Nunca me senti à vontade para fazer um enfermo rir; e se de fato não posso fazer alguém rir, não estou à vontade; é inerente. Toda despedida se torna uma cerimônia e um emblema. Às vezes a omissão basta, pois nada alivia o fato inexorável da partida, quase sempre sem volta. Já tentei dizer adeus e gaguejei, tentei partir e tropecei. Dos que se vão, poucos conhecerão os meus adeuses.

E me desculpem, mas falarei da outra palavra depois.

P.s: até hoje, felizmente, continuo sem a resposta à minha interrogação.

11 comentários:

Jaya Magalhães disse...

Divido as mesmas emoções contigo. E esses dias me vi dessa maneira, em relação a ver alguém partir. Ou melhor, não vi. Não tive coragem. Nessas horas fica tão claro que somos nada... Me sinto pequena.

Gostei da forma como você tratou o assunto.

Um beijo.

entre-caminhos disse...

tb odeio abobrinhas, quiabo e fígado! às vezes é msm dificil falar, mas acho q falo até demais. O ruim é deixar pra amanhã e esse amanhã nunca chegar.
=/

Dauri Batisti disse...

Dizer adeus é abrir mão? por isso se dá adeus com a mão aberta? Dizer adeus é conordar em entregar de mão beijada? A Deus?

Araúja Kodomo disse...

"Afinal, somente as palavras são importantes, não é mesmo."

às vezes os actos são mais importantes que as palavras :)

Gostei do texto :) ***

Anônimo disse...

Estranho, para mim às vezes perdir perdão é mais difícil que dizer adeus. Mas deve ser por causa da minha personalidade orgulhosa.

Darshany L. disse...

minhas indagações também continuam sem resposta, mas não sei se é felizmente ou não.

Filipe Garcia disse...

Bota difícil nisso! Dizer adeus é complicado, já vai doendo o corpo todo só de pensar na ausência. Pedir perdão é difícil, envolve a questão do orgulho, da auto-estima... mas é necessário. Viver com a garganta engasgada é pior. O perdão facilita. Mas o adeus dói!

Gostei bastante do seu escrito.

Abraços.

Unknown disse...

"adeus", "perdão" e outros ritos da liturgia social são um saco mesmo.

cara, eu amo fígado e não tenho nada contra abobrinhas. basta olhar meu blog para constatar.

:-]

Vinícius Rodovalho disse...

Somos vários, os que não conseguem dizer adeus. No meu caso, a angústia aflora quando noto que o meu adeus era necessário, de alguma forma. Mas, na maioria dos casos em que chego à tal conclusão, é tarde demais.

Anônimo disse...

Que interrogação?!

A do post passado?

:P

Curiosa pouco néé?!


=**

Anônimo disse...

Adeus e perdão: "duas palavras imensas..."

Realmente.


/// Abraços, flores, estrelas..