
Chovia muito e cheguei atrasado à aula. Precisava de atendimento urgente e imediato e a longa fila de desanimados me exigiu uma medida prática. Cheguei às barbas do idoso professor e perguntei: Onde preciso me sentar pra ter atendimento VIP?
Nunca simpatizei muito com ovos, fígado de boi e quiabos. O cheiro de ovos recém partidos me incomoda bastante e a simples visão de uma galinha choca me causa frescuras, mas sem gravidades. Recentemente desenvolvi uma estranha antipatia por abobrinhas, mas isso é irrelevante. É bem verdade que elegi coisas mais detestáveis que um punhado de gosmentos legumes.
Entre as poucas coisas que a vida me mostrou odiosa - e sinto que não sou o único -, figuram duas palavras imensas: adeus e perdão. Afinal, somente as palavras são importantes, não é mesmo. Diz a música que adeus parece ser a coisa mais difícil no mundo a se dizer. Vacilo nas duas.
Muitos mortos morreram sem minhas despedidas vãs – de que valeria? - e muitos partiram sem meu rosto ver. Visitar pessoas convalescentes sempre me constrangeu, mesmo as mais queridas. Nunca me senti à vontade para fazer um enfermo rir; e se de fato não posso fazer alguém rir, não estou à vontade; é inerente. Toda despedida se torna uma cerimônia e um emblema. Às vezes a omissão basta, pois nada alivia o fato inexorável da partida, quase sempre sem volta. Já tentei dizer adeus e gaguejei, tentei partir e tropecei. Dos que se vão, poucos conhecerão os meus adeuses.
E me desculpem, mas falarei da outra palavra depois.
P.s: até hoje, felizmente, continuo sem a resposta à minha interrogação.