Eu havia lhe prevenido. Aquele tique o colocaria em problemas. Era o emblema que colocava. Não admitia os riscos que uma piscadela poderia conter. Eu sabia de seu hábito espontâneo de picar ligeiramente, pelos cantos. Mas era tique. Era repentino e traiçoeiro. Não escolhia direções ou horizontes. Agia. Fazia de tolo, os desavisados e de furiosos, os imprecavidos.
Não escolhia sexo, idade ou humor. Piscava, apenas. Desde a epigênese da infância e desenvolvera-se de forma tão natural, como algumas adjacências na puberdade. Se não lhe contassem, não perceberia. Como um daltônico diante da revelação do azul. Havia inocência e certa negligência.
Tal imprudência, contudo, teve seu merecido fim. Piscara para a pessoa errada. O metrô paulistano desenvolve todo tipo de ser. Desde os indiferentes e soturnos, até os solitários e suicidas. Foi um desse que encontrou. Sua cabeleira espetada, vermelha viva, pela ação da Koleston chamava a atenção, é verdade, e quem se atrevia a admirar, acabava iludido pelo tique involuntário. Mas piscara pra um poeta, um amante. E foi um crime. Acabou em suicídio, platonicamente.
Eu disse que disse que aquela estranha mazela o condenaria. Já apanhou, beijou, bateu, sorriu, amou, ignorou e foi recebido com calorosos dedos anulares e xingamentos. Mas ele não creditou-me. Afinal, que vale o conselho de um amigo, cheio de critérios!
Não escolhia sexo, idade ou humor. Piscava, apenas. Desde a epigênese da infância e desenvolvera-se de forma tão natural, como algumas adjacências na puberdade. Se não lhe contassem, não perceberia. Como um daltônico diante da revelação do azul. Havia inocência e certa negligência.
Tal imprudência, contudo, teve seu merecido fim. Piscara para a pessoa errada. O metrô paulistano desenvolve todo tipo de ser. Desde os indiferentes e soturnos, até os solitários e suicidas. Foi um desse que encontrou. Sua cabeleira espetada, vermelha viva, pela ação da Koleston chamava a atenção, é verdade, e quem se atrevia a admirar, acabava iludido pelo tique involuntário. Mas piscara pra um poeta, um amante. E foi um crime. Acabou em suicídio, platonicamente.
Eu disse que disse que aquela estranha mazela o condenaria. Já apanhou, beijou, bateu, sorriu, amou, ignorou e foi recebido com calorosos dedos anulares e xingamentos. Mas ele não creditou-me. Afinal, que vale o conselho de um amigo, cheio de critérios!
7 comentários:
Muito bom esse conto. Mesmo!
:)
Parabéns pelo talento moço!
bjos
Huahua, muito bons, seus textos. Já virei fã.
E que azar, hein. Piscar logo pra uma pessoa dessas... Hehe. Sei que é involuntário, mas justamente por isso foi falta de sorte.
Até mais.
Sampa tá te fazendo bem hein! Depois vc me conta essa história direito hauhau
último post da prateleira...
www.aprateleira.wordpress.com
Gosto de uma certa angústia que imagino sentir no que você escreve, CRONISTA...
Prá você, CRONISTA. Lá em casa:
http://lavieboehme.blogspot.com
Postar um comentário